CORRENTE DO BEM x FILOSOFIA
Autor: José Vandinei da Silva
A filosofia
apresenta-se ao homem como uma ferramenta para desvendar mistérios e enigmas
que antes eram explicados por visões místicas ou religiosas. Todos os fenômenos
recebiam algum tipo de intervenção dos deuses. Porém, com a filosofia o homem busca
responder a tais questões utilizando-se de seus dotes racionais.
O filme “A Corrente do
Bem” nos relata a história de um garoto inquieto com o desafio do professor,
buscando colocar em prática aquilo que ele acredita ser o ato mais supremo do
ser humano: ajudar a quem necessita sem distinções. A corrente
do bem foi criada pelo aluno e baseia-se numa ideia que tem três premissas:
Ajudar a alguém com algo que este não pudesse realizar sozinho; Isso seria
praticado com três pessoas; e cada pessoa ajudada faria o mesmo por outras
três. Assim, a corrente cresceria em progressão geométrica: três, nove, vinte e
sete e assim sucessivamente.
Para relacionar este filme às questões
filosóficas poderemos considerar as questões éticas debatidas desde os
filósofos antigos atravessando o percurso da história da filosofia e suas
reflexões. Iniciando por Platão, pode-se considerar que a visão platônica
prioriza os valores suprassensíveis. Segundo ele nós humanos deveremos fazer
uma renuncia a todos os prazeres sensíveis. O prazer sensível é visto como uma
antítese do bem. Já Aristóteles defende um saber intimamente relacionado às
práticas humanas. Para este a política e a ética são resultados das praticas e
escolhas humanas e que a felicidade não é mera contemplação, mas resultado das
escolhas corretas avaliadas pela ética. O filme em questão está implicitamente
de acordo com as idéias aristotélicas, ou seja, a corrente do bem nasce primeiramente
como uma idéia e depois se concretiza a partir das ações humanas, através de
uma escolha.
Segundo Aristóteles existe fins que os seres
humanos desejam visando outros fins. Porém, o fim supremo para Aristóteles é a eudaimonia,
isto é, a felicidade. Portanto, a felicidade é fruto das ações humanas
e não algo contemplativo como defendia Platão. A corrente do bem não seria
possível sem a prática humana. Portanto, teoria e pratica se complementam.
Quando
o menino coloca em prática suas idéias deixa claro que o bem deve ser uma
escolha e praticado de forma irrestrita. Como diz o apóstolo São Paulo: se
fazes o bem somente a quem te faz que gratuidade é essa? Portanto, tratava-se de
uma atitude ética, aceitável, virtuosa e, sobretudo, fruto de uma escolha
livre. Segundo santo Agostinho, Deus criou o ser humano livre e ele pode
escolher entre fazer o bem ou o mal, isto é, aproximar-se ou afastar-se do
supremo bem. Implicitamente, poder-se-ia interpretar a ação do menino como
acordada com a moral agostiniana. Esta consiste na relação do homem com Deus.
Portanto, a ética de santo Agostinho é uma ética harmonizada com os preceitos
morais cristãos.
Para
os gregos o homem bom é aquele que sabe e conhece já para Agostinho o homem bom
é aquele que ama aquilo que deve amar. Portanto, pode-se dizer que o garoto do
filme obedece às duas premissas.
Além dessa relação com os pensadores antigos e
medievais podemos ainda relacionar o filme com as idéias kantianas, principalmente no
que se refere ao imperativo categórico: “Age de tal maneira que possas querer
que o motivo que te levou a agir seja uma lei universal” envolvendo também a
vontade livre que motiva as nossas ações. O personagem do filme age de forma
livre e acreditando que seu modelo pode tornar-se um modelo universal. Pode-se
afirmar que as ações do menino revelam uma moralidade porque são livres e
porque podem ser usadas por todos sem prejuízo da liberdade alheia. É preciso
verificar que embora se faça o bem, este é incondicional, sem determinações
normativas ou sem expectativas de uma recompensa. Esse era o critério da
corrente adesão livre e sem expectativas.
Eu sempre fico na dúvida se uma pessoa nasce boa por si só ou ela forma o caráter ao longo da vida. Vejo isso no sistema prisional pelo mundo. A prisão serve para a pessoa de afastar da sociedade, mas ela tem a opção de se regenerar e voltar a conviver com os outros. Porém já vi menores infratores dizendo que são ruins por natureza e nada vai mudá-los. Eles tem livre arbítrio para serem ruins ou é algo inerente a eles que os fazem assim? Qual a sua opinião sobre isso?
ResponderExcluirna filosofia podemos encontrar varios pensamentos acerca da existencia do bem e do mal no mundo. alguns dizem que algo inato outros dizem que é construido. Eu prefiro recorrer a Santo Agostinho, pois diz ele que o homem é um ser dotado de livre-arbitrio e pode escolher entre o bem e o mal. O homem é o unico ser racional que sabe diferencia o bem e o mal e por isso pode escolher. animais agem por instinto ou por condicionamento. O ser humano ao contrario tem liberdade. Jean Paul sartre vai dizer que o homem é condemnado à liberdade e nao adianta ele querer culpar outros porque ele sempre será responsavel pelos seus proprios atos.
ResponderExcluir(vandinei)