terça-feira, 22 de novembro de 2011

CORRENTE DO BEM x FILOSOFIA



CORRENTE DO BEM  x  FILOSOFIA

Autor: José Vandinei da Silva

A filosofia apresenta-se ao homem como uma ferramenta para desvendar mistérios e enigmas que antes eram explicados por visões místicas ou religiosas. Todos os fenômenos recebiam algum tipo de intervenção dos deuses. Porém, com a filosofia o homem busca responder a tais questões utilizando-se de seus dotes racionais.
O filme “A Corrente do Bem” nos relata a história de um garoto inquieto com o desafio do professor, buscando colocar em prática aquilo que ele acredita ser o ato mais supremo do ser humano: ajudar a quem necessita sem distinções. A corrente do bem foi criada pelo aluno e baseia-se numa ideia que tem três premissas: Ajudar a alguém com algo que este não pudesse realizar sozinho; Isso seria praticado com três pessoas; e cada pessoa ajudada faria o mesmo por outras três. Assim, a corrente cresceria em progressão geométrica: três, nove, vinte e sete e assim sucessivamente.
Para relacionar este filme às questões filosóficas poderemos considerar as questões éticas debatidas desde os filósofos antigos atravessando o percurso da história da filosofia e suas reflexões. Iniciando por Platão, pode-se considerar que a visão platônica prioriza os valores suprassensíveis. Segundo ele nós humanos deveremos fazer uma renuncia a todos os prazeres sensíveis. O prazer sensível é visto como uma antítese do bem. Já Aristóteles defende um saber intimamente relacionado às práticas humanas. Para este a política e a ética são resultados das praticas e escolhas humanas e que a felicidade não é mera contemplação, mas resultado das escolhas corretas avaliadas pela ética. O filme em questão está implicitamente de acordo com as idéias aristotélicas, ou seja, a corrente do bem nasce primeiramente como uma idéia e depois se concretiza a partir das ações humanas, através de uma escolha. 


Segundo Aristóteles existe fins que os seres humanos desejam visando outros fins. Porém, o fim supremo para Aristóteles é a eudaimonia, isto é, a felicidade. Portanto, a felicidade é fruto das ações humanas e não algo contemplativo como defendia Platão. A corrente do bem não seria possível sem a prática humana. Portanto, teoria e pratica se complementam. 
Quando o menino coloca em prática suas idéias deixa claro que o bem deve ser uma escolha e praticado de forma irrestrita. Como diz o apóstolo São Paulo: se fazes o bem somente a quem te faz que gratuidade é essa? Portanto, tratava-se de uma atitude ética, aceitável, virtuosa e, sobretudo, fruto de uma escolha livre. Segundo santo Agostinho, Deus criou o ser humano livre e ele pode escolher entre fazer o bem ou o mal, isto é, aproximar-se ou afastar-se do supremo bem. Implicitamente, poder-se-ia interpretar a ação do menino como acordada com a moral agostiniana. Esta consiste na relação do homem com Deus. Portanto, a ética de santo Agostinho é uma ética harmonizada com os preceitos morais cristãos.
Para os gregos o homem bom é aquele que sabe e conhece já para Agostinho o homem bom é aquele que ama aquilo que deve amar. Portanto, pode-se dizer que o garoto do filme obedece às duas premissas.  
Além dessa relação com os pensadores antigos e medievais podemos ainda relacionar o filme com as idéias kantianas, principalmente no que se refere ao imperativo categórico: “Age de tal maneira que possas querer que o motivo que te levou a agir seja uma lei universal” envolvendo também a vontade livre que motiva as nossas ações. O personagem do filme age de forma livre e acreditando que seu modelo pode tornar-se um modelo universal. Pode-se afirmar que as ações do menino revelam uma moralidade porque são livres e porque podem ser usadas por todos sem prejuízo da liberdade alheia. É preciso verificar que embora se faça o bem, este é incondicional, sem determinações normativas ou sem expectativas de uma recompensa. Esse era o critério da corrente adesão livre e sem expectativas.












2 comentários:

  1. Eu sempre fico na dúvida se uma pessoa nasce boa por si só ou ela forma o caráter ao longo da vida. Vejo isso no sistema prisional pelo mundo. A prisão serve para a pessoa de afastar da sociedade, mas ela tem a opção de se regenerar e voltar a conviver com os outros. Porém já vi menores infratores dizendo que são ruins por natureza e nada vai mudá-los. Eles tem livre arbítrio para serem ruins ou é algo inerente a eles que os fazem assim? Qual a sua opinião sobre isso?

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  2. na filosofia podemos encontrar varios pensamentos acerca da existencia do bem e do mal no mundo. alguns dizem que algo inato outros dizem que é construido. Eu prefiro recorrer a Santo Agostinho, pois diz ele que o homem é um ser dotado de livre-arbitrio e pode escolher entre o bem e o mal. O homem é o unico ser racional que sabe diferencia o bem e o mal e por isso pode escolher. animais agem por instinto ou por condicionamento. O ser humano ao contrario tem liberdade. Jean Paul sartre vai dizer que o homem é condemnado à liberdade e nao adianta ele querer culpar outros porque ele sempre será responsavel pelos seus proprios atos.
    (vandinei)

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